Cuidados com silos: como a manutenção preventiva protege sua safra e evita prejuízos

Os silos são protagonistas na rotina do agronegócio. Sem eles, grande parte da produção brasileira de grãos não teria como ser armazenada de forma segura até chegar ao mercado consumidor. 

E essa não é uma questão pequena: a safra de grãos de 2024/25 deve ultrapassar 350 milhões de toneladas, segundo a Conab, enquanto a capacidade estática de armazenagem do país cobre apenas parte desse volume.

Frente a essa colheita histórica, o déficit de armazenamento já passa dos 120 milhões de toneladas.

Na prática, isso significa que, se os silos não forem bem cuidados, o risco de perda de qualidade, contaminação e até desperdício de grãos aumenta consideravelmente, impactando não apenas o produtor, mas toda a cadeia de abastecimento.

Por isso, este artigo foi elaborado para que os produtores consigam entender todos os tipos de riscos pelos quais os silos estão expostos, como fazer a manutenção preventiva, como evitar acidentes e, com isso, como manter a qualidade da cultura colhida e evitar ainda mais prejuízos. 

Boa leitura!  

O que são silos e por que são tão importantes?

Um silo nada mais é do que uma estrutura projetada para armazenar materiais, grãos a granel ou outros produtos agrícolas, garantindo que eles mantenham suas características físicas e sanitárias. 

Pelas produções agrícolas brasileiras, existem diferentes tipos de silos adotados para proteger a safra produzida, sendo eles horizontais ou verticais. 

A escolha ficará a cargo da produção – essas estruturas podem armazenar centenas de quilos a milhares de toneladas – e do investimento disponível para preservar a qualidade da safra e oferecer segurança ao produtor até o momento da comercialização. 

Um silo bem cuidado pode ser a diferença entre vender um grão valorizado ou arcar com perdas significativas por deterioração – ou, em casos graves, provocando incêndios e acidentes.

Tipos de silos

Os silos existentes são divididos entre os verticais e os horizontais, sendo os verticais as estruturas metálicas e feitas de concreto e os horizontais as estruturas feitas de PVC, alvenaria, cobertos com lona e outros tipos de materiais. Cada variação possui uma característica e custo específico.  

silo de trincheira: tendo uma vala como base, o silo de trincheira é comumente voltado para o armazenamento de forragens. A vala é forrada e coberta por lona, que protege o produto contra umidade e entrada de ar. Esse tipo de silo é caracterizado pelo baixo custo de implementação e manutenção.

silo de superfície: também usado para o armazenamento de forragens, o silo de superfície consiste no empilhamento do produto diretamente no solo, sem a necessidade de escavação e construção de estruturas. Também é considerado de baixo custo, porém, o material armazenado fica suscetível à exposição do ar – podendo ser perdido. 

silos bola: também chamado de silo-fardo, o silo bola é uma unidade móvel de armazenamento, onde ferragens e alimentos (líquidos ou em grãos) são armazenados em uma “bola de plástico”. 

silobag: feitos de polietileno, o silobag – ou silo-bolsas – é um método com mais investimento tecnológico, comparado ao trincheira e ao silo de superfície. Em formato parecido com uma sacola gigante, onde é preenchida e depositada no chão, o silobag é uma alternativa utilizada para guardar a safra de milho, soja e trigo, sendo resistente às pragas e à mudança do clima.   

silos de cisterna: utilizado para guardar silagem e outros produtos, o silos de cisterna é uma estrutura construída abaixo do solo – como um poço. Essa modalidade de silo requer um revestimento adequado e ferramentas específicas para descarregar os produtos. 

silo bunker: apesar do nome, o silo bunker é uma estrutura construída sobre o solo, feito de concreto ou outros materiais resistentes e coberto com lona de PVC reforçado – ideal para proteger produtos e alimentos contra a poeira e chuva.  

silo vertical: um silo vertical é uma estrutura cilíndrica grande e elevada, podendo armazenar até 6 mil toneladas de grãos. Esse silo é projetado para garantir a qualidade dos alimentos, podendo ser estocado por meses – dependendo do produto e cuidados na armazenagem. Entre os tipos de silos, é o mais custoso na implementação e manutenção.

Legislações e normas que regulamentam a armazenagem de produtos (texto corrido)

Para construção e manutenção do silo, existem leis e normas brasileiras que estabelecem condições técnicas e operacionais. Essas regulações visam proteger tanto a estrutura quanto as pessoas envolvidas no trabalho e os próprios produtos armazenados.

A Lei nº 9973 de 2000 dispõe sobre o sistema de armazenagem dos produtos agropecuários, fazendo menção às boas práticas e controles sanitários nos armazéns.

Já a Instrução Normativa 29/2011 consolida as normas e procedimentos técnicos das chamadas unidades armazenadoras, o que também inclui os próprios silos.  

Principais riscos aos quais os silos estão expostos

Assim como qualquer estrutura de grande porte, os silos estão sujeitos a uma série de riscos:

A corrosão, causada por exposição à umidade e variações climáticas, é uma das ameaças mais comuns. 

Portas e tampas mal vedadas também são pontos de atenção, já que permitem a entrada de água e ar úmido, favorecendo o desenvolvimento de fungos. 

Outro risco está no acúmulo de poeira: quando não controlada, pode provocar explosões dentro da estrutura, trazendo prejuízos materiais e, principalmente, riscos à vida dos trabalhadores – no caso das maiores estruturas.

Além disso, há a constante ameaça de pragas, como insetos e roedores, que comprometem o produto armazenado e a própria estrutura do silo. 

Por fim, não se pode esquecer dos riscos de segurança do trabalho: o acesso ao interior dos silos envolve regras rígidas de espaço confinado, como determina a NR-33, para prevenir acidentes graves.

O que é manutenção preventiva e por que ela é fundamental?

A manutenção preventiva é o conjunto de práticas planejadas e realizadas regularmente para evitar falhas e prolongar a vida útil do silo, sendo essencial para uma boa administração. Mais do que reagir a problemas, a ideia é antecipá-los.

O benefício mais imediato está na preservação da qualidade do produto armazenado. Grãos limpos, livres de contaminação e bem conservados têm maior valor no mercado. 

Mas os impactos vão além: a manutenção preventiva reduz o risco de prejuízos financeiros com perdas de safra, previne acidentes e garante o cumprimento das normas de segurança. 

Em contrapartida, a ausência dessa rotina pode levar à deterioração de grandes volumes de grãos, desvalorização comercial, acidentes de trabalho e até paralisações na operação.

O que pode ser feito na manutenção preventiva de silos

Cuidar de um silo exige atenção a vários detalhes. Um dos pontos principais é a inspeção estrutural, verificando chapas, parafusos, bases e pintura. Essa simples prática evita que a corrosão comprometa a integridade da estrutura. 

Outro cuidado essencial é a vedação: portas, tampas e lonas precisam estar sempre bem ajustadas para impedir infiltrações.

O monitoramento de umidade e temperatura é outro aliado indispensável. Sensores e sistemas de ventilação ajudam a manter as condições ideais, prevenindo a deterioração dos grãos. 

A limpeza frequente, especialmente para remover poeira acumulada, reduz riscos de explosões e contaminações. Já no aspecto elétrico, revisar instalações e garantir proteção adequada em áreas classificadas é fundamental para evitar incêndios.

Essas práticas, quando registradas em um cronograma e acompanhadas por toda a equipe, garantem não apenas a eficiência operacional, mas também mais tranquilidade para o produtor.

Abaixo, veja os cuidados essenciais para cada tipo de silo:

silo de trincheira: limpeza regular da estrutura e da lona, reparo de furos e rasgos e atenção constante à vedação.

Tipo de siloPrincipais cuidados
silo de superfícieinspeção e reparo da estrutura, focando na eliminação de ferrugem e infiltrações. A limpeza externa e interna também deve ser considerada na manutenção e cuidado do silo.
silos bolaa manutenção do silo bola fica centrada na inspeção constante da vedação, mas também se faz necessária a o aperto de parafusos, reparo de chapas e o esvaziamento eficiente do silo para evitar resíduos das portas.
silobagassim como os demais tipos de silos, o cuidado do silo bag consiste na verificação constante da estrutura para que eventuais reparos no plástico sejam realizados. 
silos de cisternalimpeza profunda, inspeção estrutural e reparos no silo devem ser considerados no cuidado da cisterna, incluindo o controle de temperatura e umidade do conteúdo.
silo bunkero cuidado com o silo bunker exige um plano preventivo que deve ser realizado ao menos uma vez por ano, incluindo a verificação da integridade de chapas, parafusos, amassados e demais cuidados com limpeza e reparos. 
silo verticalassim como o bunker, o silo vertical exige cuidado e manutenção das estruturas, que inclui a segurança do material e do pessoal de trabalho. A limpeza deve ser feita assiduamente para evitar que resíduos fiquem acumulados. Verifique estrutura, sistemas de aeração e termometria e garanta a estrutura do silo com os devidos reparos. 

Como implementar os cuidados com o silo no dia a dia?

O primeiro passo é criar um cronograma de inspeções, definindo quais atividades devem ser realizadas semanal, mensal e anualmente. Essa organização ajuda a distribuir tarefas e a não deixar falhas passarem despercebidas. 

O treinamento dos colaboradores também é essencial, pois são eles que, no dia a dia, podem identificar sinais de alerta como ferrugem, vazamentos ou variações anormais de temperatura.

A tecnologia é uma aliada nesse processo: sensores modernos oferecem informações em tempo real sobre as condições de armazenamento. 

Além disso, empresas especializadas podem ser contratadas para inspeções técnicas e consultorias periódicas. 

Por fim, auditorias internas servem para confirmar se o plano de manutenção está sendo cumprido e se há oportunidades de melhoria.

Cuidar dos silos é cuidar das pessoas e da continuidade do próprio negócio

O cuidado com silos é muito mais do que uma prática de conservação: é uma estratégia para proteger investimentos, reduzir perdas e assegurar segurança no campo. 

Ao investir em manutenção preventiva, o produtor garante qualidade ao seu produto, evita riscos de acidentes e assegura a continuidade da operação. É o tipo de prática que se paga sozinha – e faz toda a diferença na competitividade dentro do agronegócio.

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