Com uma das maiores produções de grãos do mundo, o Brasil enfrenta um paradoxo que se agrava a cada safra: avanços tecnológicos no campo e gargalos estruturais no armazenamento.
Atualmente, a capacidade estática de armazenagem brasileira está abaixo da demanda, o que leva muitos produtores a recorrerem ao transporte imediato ou à armazenagem inadequada, aumentando o risco de perdas.
Neste artigo, você vai entender por que a armazenagem de grãos é um desafio tão relevante, como deve ser feita de forma correta, os tipos de estruturas mais comuns e quais soluções podem apoiar o produtor na prevenção de riscos e conservação da safra.
Por que a armazenagem de grãos é um desafio crescente no Brasil?
O Brasil é um dos países reconhecido mundialmente pela produção e exportação de grãos, a soja em especial. Nos últimos anos, a produção brasileira vem batendo recordes significativos, com ênfase para a safra 2024/25, que deve bater recorde histórico de 336,1 milhões de toneladas de grãos colhidos.
Apesar do bom desempenho da colheita nas lavouras, o número também representa uma problemática que se agrava ano após ano entre as lavouras brasileiras: a armazenagem de grãos.
A alta produtividade, impulsionada por tecnologias de plantio e manejo, não foi acompanhada na mesma proporção por investimentos em infraestrutura de armazenagem.
Como resultado, a falta de espaço próprio obriga muitos produtores a venderem a safra rapidamente, muitas vezes com preços abaixo do ideal, ou a armazená-la em condições precárias – o que pode comprometer a qualidade e segurança alimentar do produto.
Além disso, o transporte da produção também se torna um ponto crítico, elevando custos logísticos e expondo a carga a riscos climáticos e operacionais.
Diante desse desafio, os agricultores precisam encontrar estratégias de estocagem e gerir o armazenamento para não perder os montantes investidos durante todo o plantio.
Por que armazenar os grãos?
Sendo uma etapa essencial na produção agrícola, o armazenamento de grãos é o momento pós-colheita que os produtores rurais mantém a qualidade das culturas cultivadas.
Crucial para dar vazão às vendas, a correta armazenagem garante a segurança do produto ao manter as características do grão.
É por meio da guarda dos cereais que a produção pode ser armazenada e ofertada em momentos de alta, mantendo o poder de negociação.
Os cuidados com o armazenamento vão além do impacto na qualidade do alimento e do negócio, o processo também é assegurado por normas que regulamentam requisitos técnicos.
A Lei nº 9.973/2000 dispõe sobre a armazenagem de produtos agropecuários e a Instrução Normativa Nº 29 de 2011 consolida as normas e procedimentos que devem ser adotados na armazenagem de grãos.
Tipos de armazenagem de grãos existentes
Como vimos até aqui, o armazenamento de grãos torna-se uma necessidade emergencial para o agronegócio de acordo com as respectivas estruturas de negócio, dos pequenos aos grandes produtores agrícolas.
Como parte da gestão de armazenagem de grãos, as propriedades precisam ser equipadas e/ou estruturadas com compartimentos e demais dispositivos para proteger o patrimônio entre a colheita e a venda do produto.
Diversos modelos podem ser utilizados, a depender da produção e do investimento disponível:
Armazenamento em sacos: comumente utilizado por pequenos produtores e para pequenos volumes de produção agrícola, o armazenamento de grãos em sacos exige maior mão de obra e apresenta riscos mais elevados de contaminação e perdas. Os sacos podem ser utilizados em diferentes materiais.
Silos: projetados para armazenar grandes quantidades de grãos a granel, os silos são grandes estruturas projetadas para facilitar o carregamento e o descarregamento, permitindo aos produtores um melhor controle do ambiente. Os silos podem ser dispostos na vertical ou na horizontal, considerando:
► metálicos: ideal para grandes volumes; permite automação, aeração e controle de temperatura;
► bolsa: alternativa flexível e de menor custo, indicada para armazenagem temporária ou emergencial;
► secadores: compartimento que combina armazenagem e secagem dos grãos produzidos.
► Armazém graneleiro: também voltado para uma grande quantidade de grãos, os armazéns são estruturas fixas, com boa relação custo-benefício. Essas instalações são mais voltadas para armazenar produtos ensacados ou embalados, oferecendo flexibilidade no armazenamento.
Cada modelo apresenta vantagens e desvantagens, por isso é importante avaliar a relação entre volume, tipo de grão, período de estocagem e capacidade de investimento.
Como deve ser feito o armazenamento adequado de grãos?
Para preservar a qualidade da safra e evitar perdas, produtores rurais precisam estar atentos a condições específicas de armazenagem, tais como:
Temperatura e umidade controladas: são fatores críticos para evitar fermentação e proliferação de fungos.
Ventilação e aeração: essenciais para manter a massa de grãos em equilíbrio e reduzir pontos de aquecimento.
Controle de pragas e higiene: exige limpeza frequente das instalações, monitoramento e tratamento fitossanitário.
Etapas da armazenagem: incluem recepção, limpeza, secagem, aeração, conservação e retirada. Cada etapa deve seguir protocolos de segurança e eficiência.
Cuidados específicos para diferentes tipos de grãos
Cada cultura exige condições específicas durante todo o tempo armazenado para que as perdas e a qualidade do produto sejam evitadas.
Os cuidados passam desde a limpeza até o controle da umidade, temperatura e monitoramento de pragas.
► Milho: sensível à umidade, requer secagem rigorosa e ventilação constante;
► Soja: suscetível a microfissuras e perdas de óleo, deve ser manuseada com cuidado e com menor umidade;
► Trigo: propenso à infestação e degradação rápida, exige controle térmico e fitossanitário rigoroso;
► Arroz: precisa de armazenagem com umidade muito bem controlada e cuidados com a casca;
► Feijão: por ser um grão delicado, o feijão precisa ser armazenado em local com controle de temperatura e umidade.
Quais são os riscos associados à má armazenagem de grãos?
Quando os cuidados não são seguidos, os riscos são elevados:
► Perda de qualidade nutricional e comercial;
► Infestação por insetos e microrganismos;
► Acúmulo de umidade e fermentação da massa de grãos;
► Explosões por gases acumulados em silos;
► Prejuízos financeiros pela perda da safra ou de parte dela.
Tendências e tecnologias para melhorar a armazenagem de grãos
A inovação tem sido aliada importante para produtores que desejam minimizar perdas. Alguns produtores agrícolas já vêm adotando dispositivos e sistemas integrados à administração rural para otimizar o processo de armazenagem de grãos.
Sensores e softwares de automação são utilizados para monitoramento em tempo real da temperatura e umidade interna de silos e armazéns. Alertas automáticos vêm sendo adotados para controle remoto e gestão à distância das estruturas.
Sistemas integrados permitem rastreabilidade e gestão integrada da safra armazenada. E o uso de IA (Inteligência Artificial) e predição de risco podem antecipar pontos críticos e recomendar ações preventivas de perdas do plantio à colheita.
Soluções para proteção da continuidade do negócio agrícola
A armazenagem de grãos representa uma necessidade cada vez mais urgente para o sucesso do setor agrícola, para que a produção seja continuada de maneira segura e sustentável.
O cenário pede atenção e cuidado com o produto que é não apenas comercializado no país mas também ocupa as primeiras posições de toneladas de produtos exportados.
Continue acompanhando o blog da Alper Seguros para saber mais sobre o setor. Aproveite para também ler sobre como proteger o seu maquinário agrícola.