Para onde vai o agronegócio brasileiro?

Por Afonso Arinos – diretor de seguros agrícolas da Alper Seguros

Nos últimos meses, tenho acompanhado com atenção os sinais de alerta no agronegócio brasileiro. O aumento de recuperações judiciais e falências, especialmente entre produtores pessoa física, revela que anos de resultados positivos levaram muitos a relaxar na gestão de riscos. 

Crédito facilitado e decisões tomadas sem considerar todas as variáveis — desde margens apertadas até eventos climáticos extremos — tornam o setor vulnerável. Quando esses fatores se combinam, os impactos são sentidos de forma imediata e profunda.

Ao analisar esse cenário, percebo que previsibilidade e gestão integrada de riscos são elementos cruciais para a sustentabilidade do negócio. Planejamento financeiro, estratégias de comercialização, análise detalhada de custos e monitoramento constante do clima e do mercado permitem que o produtor antecipe problemas e reaja com mais segurança a períodos de volatilidade.

O desafio vai além da simples sobrevivência: trata-se de construir estruturas resilientes, capazes de enfrentar crises e se adaptar às mudanças. Isso envolve desde o planejamento operacional detalhado, diversificação de atividades e fontes de receita, até a adoção de tecnologia e análise de dados para decisões mais precisas. Capacitar equipes e investir em processos de gestão eficientes também são fundamentais para fortalecer a operação.

Nesse contexto, os seguros agrícolas assumem um papel estratégico e social. Mais do que uma proteção financeira, eles oferecem apoio para que o produtor mantenha suas atividades mesmo diante de eventos adversos, garantindo estabilidade e previsibilidade em um setor marcado pela imprevisibilidade climática

Quando integrados a um planejamento sólido, os seguros atuam como um instrumento de resiliência, permitindo que investimentos em insumos, tecnologia e mão de obra não sejam comprometidos por fatores externos.

Olhando para o futuro, vejo algumas tendências claras: os eventos climáticos extremos devem se tornar mais frequentes e imprevisíveis, exigindo que o setor desenvolva processos e estratégias de mitigação de risco. A digitalização e o uso de dados se tornarão cada vez mais centrais para a tomada de decisões, enquanto a gestão financeira precisará se sofisticar para lidar com custos crescentes e cenários voláteis.

Em minha visão, os produtores que se destacarem serão aqueles que conseguirem integrar planejamento, análise de dados, gestão financeira e prevenção de riscos. Construir uma cultura de cuidado e resiliência, com ferramentas de apoio como os seguros, é decisivo para garantir a estabilidade e o crescimento sustentável do agronegócio.

O momento atual é, portanto, uma oportunidade para repensar práticas, consolidar aprendizados e fortalecer a estrutura do setor. O sucesso no agro não depende apenas de bons anos de safra, mas de disciplina, visão estratégica e capacidade de se proteger frente às incertezas – uma lição que, acredito, será cada vez mais importante nos próximos anos.

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