Riscos climáticos: o que são, exemplos e como as empresas podem se preparar

Nas últimas décadas, um tema tem ganhado cada vez mais espaço nas discussões empresariais, governamentais e sociais: os riscos climáticos. 

Eles não dizem respeito apenas ao meio ambiente, mas têm um impacto profundo sobre a saúde pública, a economia, as relações de trabalho, a produção e até a segurança jurídica.

De acordo com a Fecomércio,  estima-se que 6 a cada 10 empresas já estejam sofrendo impactos severos das mudanças climáticas somente em São Paulo – somando prejuízos bilionários diante dos eventos meteorológicos. 

Neste artigo, você vai entender o que são esses riscos, quais são os principais exemplos e seus efeitos para diferentes setores, especialmente para as empresas. 

Também vamos falar sobre o papel do agronegócio, dos governos, da sociedade e, claro, como sua empresa pode se preparar para enfrentar esses desafios.

Boa leitura!

Panorama das mudanças no clima e eventos climáticos extremos 

Chuvas torrenciais, tornados em regiões não propensas, ondas de calor e de frio intensas e outros eventos climáticos extremos têm se tornado cada vez mais frequentes nas últimas décadas. 

Esses fenômenos meteorológicos, para além do que é perceptível para as pessoas e para o meio ambiente, também provocam ou agravam uma série de ocorrências que afetam toda a vida na terra, como deslizamentos, incêndios, inundações e outros desastres climáticos. 

Provocadas pelas ações humanas na geração de energia, fabricação de produtos e desmatamento de florestas, a temperatura na terra aumenta ano após ano, agravando o derretimento das geleiras e as incidências das variações no clima ao redor do mundo, consequentemente.

Somente em 2024, o Brasil registrou a intensificação de eventos extremos do norte ao sul do país, com as enchentes no Rio Grande do Sul e os incêndios florestais no Pantanal e na Amazônia estando entre eles. 

Apesar de diversas ações estarem em desenvolvimento pela restauração do clima para o que era visto na era pré-industrial, estima-se que o aumento da temperatura na terra seja irreversível, acendendo alertas para a população e para as empresas – que, mais do que nunca, precisam estruturar estratégias para lidar com os riscos climáticos.  

O que são riscos climáticos?

Além dos impactos imediatos dos fenômenos meteorológicos, como os eventos climáticos extremos, pessoas, ambientes e atividades econômicas também podem ser – e serão – impactadas pelos eventos climáticos no longo prazo. 

Dentro desse cenário, os riscos climáticos se enquadram nos impactos negativos provocados pelas mudanças no clima, afetando bens e a sociedade como um todo. 

Os riscos climáticos se dividem em dois grandes grupos: os riscos físicos e os riscos de transição. Esses dois grupos se diferenciam por se tratar dos danos diretos causados aos ecossistemas e às adaptações das empresas e dos governos para se adaptarem à realidade do clima, como veremos abaixo. 

Riscos físicos

São classificados como riscos físicos da mudança do clima os eventos agudos e crônicos, sendo os agudos diretamente ligados aos fenômenos naturais extremos e os crônicos as consequência no médio e longo prazo, como o aumento do nível do mar e as mudanças nos padrões de chuva, neve e granizo. 

Dentro dos riscos físicos, estão:

► Tempestades intensas e inundações;

► Secas prolongadas;

► Ondas de calor extremo;

► Furacões e ciclones;

► Deslizamentos de terra.

Atenção para instituições públicas e privadas: Esses eventos podem causar danos diretos à infraestrutura, interromper cadeias produtivas e prejudicar a saúde e segurança das pessoas.

Riscos de transição

Apesar de levar a palavra “riscos” na nomenclatura, os riscos de transição dizem respeito às adaptações necessárias que as empresas e instituições públicas precisam adotar para promover uma economia de baixo carbono, ou seja, reduzir a emissão de gases de efeito estufa.

Porém, para essa adequação sustentável, as organizações assumem compromissos que impactam diretamente a reputação, a atuação no mercado e, entre outros tópicos, exposição a sanções legais. 

A partir desse ponto surgem os riscos de transição, sendo eles os custos pelos quais as empresas e demais corporações podem se deparar ao integrar as premissas acordadas, incluindo:

► Novas exigências regulatórias e políticas ambientais;

► Mudanças tecnológicas para processos mais limpos;

► Impactos reputacionais decorrentes da percepção pública e de investidores;

► Mudanças no comportamento do consumidor.

Atenção para instituições públicas e privadas:  Esses riscos podem afetar custos operacionais, estratégias de mercado e a própria viabilidade de negócios que não se adaptarem a essa nova realidade.

Como os riscos climáticos ultrapassam o meio ambiente?

Embora tenham origem em fenômenos naturais e na necessidade de adaptação à crise ambiental, os riscos climáticos vão muito além do meio ambiente.

Eles influenciam diretamente em áreas como:

Impactos dos riscos climáticos em diferentes setores

Empresas e Indústria

Para empresas, os riscos climáticos representam desafios práticos:

Interrupção da cadeia logística: enchentes, tempestades e outros eventos podem bloquear o transporte de mercadorias.

Perdas em infraestrutura: danos a fábricas, galpões e escritórios.

Aumento dos custos operacionais: necessidade de investimentos em adaptação e mitigação.

Pressão por ESG: investidores e clientes exigem cada vez mais práticas sustentáveis e transparência.

Novas exigências de reporte climático: órgãos reguladores demandam relatórios detalhados sobre riscos climáticos. 

No Brasil, não existe uma obrigatoriedade legal de cumprimento para reports climáticos, porém, há pressões vindas de investidores e da própria população para que as organizações sejam transparentes sobre as suas ações.

Agronegócio

As mudanças climáticas têm provocado transformações significativas na agricultura brasileira, afetando a produtividade, a biodiversidade e os serviços ecossistêmicos – sendo um dos setores mais diretamente afetados pelos riscos climáticos.

Os produtores rurais precisam ajustar suas práticas para enfrentar as condições climáticas adversas, adaptando as safras, os insumos e as tecnologias.

Morte de galinhas nos aviários e de demais animais também são contabilizados nas perdas oriundas dos riscos climáticos no setor agrícola. 

Além do cuidado redobrado ao cultivo das culturas, os trabalhadores rurais também precisam de atenção especial pela exposição ao calor extremo e outras condições adversas. 

Dentro do cenário agrícola, aumenta a demanda de investimento em seguros agrícolas, para que a continuidade das colheitas seja protegida. 

Logística de transporte e escoamento de cargas

Dentro dos setores produtivos da sociedade, o sistema logístico de transportes e de movimentação de mercadorias estão intrinsecamente ligados aos seus funcionamentos.

Insumos e alimentos podem ter o deslocamento interrompido, medicamentos e alimentos podem sofrer atrasos nas entregas e a própria população pode ser impedida de ir e vir. 

Nesse sentido, órgãos públicos, transportadores e embarcadores precisam otimizar a operação para garantir a continuidade das prestações de serviços.   

Governo e Políticas Públicas

O setor público enfrenta desafios crescentes relacionados aos riscos climáticos, onde são exigidas medidas de adaptação e mitigação.

Infraestrutura urbana vulnerável: enchentes e deslizamentos ameaçam cidades, exigindo obras e adaptações.

Pressão orçamentária: aumento dos gastos em saúde pública, assistência social e reconstrução.

Papel do setor público: incentivo à adaptação climática por meio de políticas, regulações, financiamentos e programas de educação.

Sociedade e Trabalhadores

Os riscos climáticos impactam diretamente as pessoas, especialmente os trabalhadores que atuam em ambientes externos.

Exposição a calor extremo afeta a saúde física e mental, a contaminação hídrica aumenta o risco de doenças e a instabilidade alimentar compromete a segurança nutricional.

Populações vulneráveis: os mais expostos são geralmente os que possuem menos recursos para se adaptar ou buscar proteção.

Custos dos riscos climáticos, interrupções e perdas operacionais

Perdas diretas: Danos causados por enchentes, tempestades ou secas podem gerar perdas que chegam a milhões ou bilhões, dependendo da frequência e intensidade dos eventos. 

De acordo com a CNseg (Confederação Nacional das Seguradoras), R$ 320 bilhões foram perdidos por eventos climáticos no país nos últimos 10 anos. No maior desastre natural recente ocorrido no Brasil, cerca de R$ 100 bilhões foram contabilizados em prejuízos.

Interrupção de cadeia logística: Empresas enfrentam custos adicionais com atrasos, transporte alternativo e estoque emergencial. Em Manaus, durante a seca severa que assolou a região em 2023 e 2024, despesas logísticas extraordinárias foram realizadas em decorrência da impossibilidade de movimentação do principal modal de transporte da região: o fluvial. 

Influências dos riscos climáticos no setor securitário e de planos de saúde

Diante do agravamento dos desastres naturais, o mercado de seguros também é fortemente impactado. De um lado, há o acionamento de sinistros e pagamento de indenizações acordadas em apólices. 

Do outro, há a revisão de modelos de avaliação de riscos que podem encarecer o valor dos prêmios pagos por empresas e pessoas físicas no longo prazo. 

Na saúde corporativa, os custos com saúde e segurança do trabalhador, absenteísmo, turnover e treinamento adicional também podem ser elevados.

Aqui vão algumas medidas importantes para sua organização

Diagnóstico de vulnerabilidades

Mapeie os pontos críticos da operação e da cadeia produtiva que podem ser afetados por eventos climáticos, assim como aspectos humanos, como a exposição dos colaboradores a riscos.

Planos de contingência e rotinas de prevenção

Estruture protocolos para lidar com emergências climáticas e implemente rotinas que minimizem os riscos no dia a dia.

Contratação de seguros e planos de saúde adequados

Avalie e adquira seguros que cubram danos relacionados a eventos climáticos e ofereça planos de saúde que atendam às necessidades dos trabalhadores, especialmente os mais expostos.

Programas de treinamento, adaptação e comunicação

Invista na capacitação das equipes para lidar com os desafios climáticos, além de manter comunicação transparente e eficaz sobre os riscos e ações adotadas.

Prepare a sua empresa para lidar com os riscos climáticos

Os riscos climáticos são um tema urgente e que impacta todos os níveis da sociedade e da economia. Para as empresas, estar preparado não é apenas uma questão de responsabilidade ambiental, mas também estratégica e financeira.

Conte com a consultoria da Alper Seguros para entender a complexidade desses desafios, saber como minimizar os riscos climáticos e se adaptar às novas realidades.

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