
Diversos são os fatores que levam diretores a planejar a expansão dos negócios para fora do país.
Seja pela solidez da marca, necessidade dos clientes ou mesmo para aproveitar as oportunidades do mercado, a internacionalização é um passo desafiador e que gera dúvidas até para os mais experientes pelos riscos implícitos em cada processo – inclusive para embarcadores, transportadores e operadores do transporte logístico de cargas.
Esse universo é complexo e exige conhecimento técnico, planejamento estratégico e parcerias especializadas.Por isso, preparamos este artigo para que você comece a entender pela pergunta essencial: o que é logística internacional?
A seguir, vamos explicar os detalhes da expansão logística para o exterior: o que é, como funciona na prática, os órgãos reguladores envolvidos, a importância da armazenagem e dos modais de transporte internacional, além dos custos, riscos e papel crucial do agente de carga internacional.
O que é logística internacional?
Logística internacional é o conjunto de processos responsáveis pelo planejamento, execução e controle do fluxo de bens, serviços e informações entre diferentes países.
Ela envolve atividades como transporte internacional (aéreo, marítimo ou terrestre), desembaraço aduaneiro, armazenamento, seguros, documentação e coordenação entre fornecedores, distribuidores e clientes em diferentes partes do mundo.
O objetivo da logística internacional é garantir que os produtos cheguem ao destino final com eficiência, no prazo, e em conformidade com as legislações de cada país envolvido.
Exemplo: uma empresa brasileira que exporta café para a Alemanha precisa organizar o transporte marítimo, emitir a documentação exigida (como fatura comercial e certificado de origem), cuidar do despacho aduaneiro no Brasil e na Alemanha, contratar seguro de carga e garantir que o café chegue ao porto de Hamburgo dentro do prazo e em perfeitas condições. Tudo isso faz parte da logística internacional.
Como funciona a logística internacional
A logística internacional é composta por uma série de etapas organizadas que garantem que uma mercadoria saia de um país e chegue com segurança e dentro da lei ao seu destino final, em outro país. Para entender esse processo, vamos visualizar o fluxo completo da operação:
Planejamento da operação
Tudo começa com a definição da melhor forma de transporte (modal), seja marítimo, aéreo ou rodoviário, levando em conta prazos, custos, tipo de carga e exigências legais. É uma fase estratégica, onde se escolhe o caminho mais eficiente para a operação.
Contratação de serviços especializados
Entra em cena o agente de carga internacional, profissional ou empresa que atua como intermediário na organização do transporte. Ele coordena os embarques, consolida diferentes cargas (quando necessário) e negocia com companhias de transporte internacional, como linhas aéreas ou marítimas.
Transporte internacional
É o deslocamento efetivo da carga entre países, pelo modal escolhido no planejamento (navio, avião, caminhão etc.). Envolve controle rigoroso de prazos, segurança e condições de transporte.
Entrega final ao comprador
Ao chegar ao país de destino, a carga passa por um novo desembaraço aduaneiro. Após a liberação, é feito o transporte doméstico até o endereço do comprador final.
Esse fluxo pode variar conforme o tipo de produto, as exigências legais de cada país e os acordos comerciais entre as nações envolvidas. Por isso, é fundamental o envolvimento de profissionais especializados, que conheçam as legislações e processos internacionais.
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Órgãos reguladores e legislação
A logística internacional só é possível porque existe uma base legal que garante segurança e padronização no comércio exterior. No Brasil, alguns dos principais órgãos envolvidos são:
► Receita Federal – responsável pelo controle aduaneiro e tributário;
► ANVISA – regulamenta mercadorias ligadas à saúde, como medicamentos e cosméticos;
► MAPA (Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento) – regula produtos de origem animal e vegetal;
► INMETRO – fiscaliza a conformidade técnica de determinados produtos;
► CIOT (Código Identificador da Operação de Transporte) – obrigatório para o controle e regularização do pagamento do frete no transporte rodoviário de cargas;
► DT-e (Documento Eletrônico de Transporte) – unifica informações fiscais, operacionais e logísticas em um único documento digital para facilitar a fiscalização e a gestão do transporte;
► NR-11 (Norma Regulamentadora nº 11) – estabelece diretrizes para segurança na movimentação, armazenagem e manuseio de materiais;
► Lei do Descanso (Lei nº 12.619/2012) – garante os direitos dos motoristas profissionais, com foco em segurança e bem-estar no transporte rodoviário;
► DTA (Declaração de Trânsito Aduaneiro) – permite o transporte de mercadorias sob controle aduaneiro entre diferentes pontos alfandegados no Brasil.
Além da legislação nacional, é preciso seguir regras internacionais, como as emitidas pela Organização Mundial do Comércio (OMC) ou por blocos econômicos, a exemplo da União Europeia.
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Documentação específica
Um dos pilares da logística internacional é a documentação correta, que garante a legalidade, rastreabilidade e segurança das mercadorias em trânsito entre países. Cada tipo de produto pode exigir documentos específicos, conforme as normas do país de origem e do destino.
Por exemplo, uma carga de eletrônicos geralmente precisa dos seguintes documentos:
Fatura Comercial (Commercial Invoice) – documento que comprova a transação comercial entre exportador e importador. Detalha o produto, valor, condições de pagamento e dados das partes envolvidas. É essencial para o cálculo de impostos e liberação da carga na alfândega;
Packing List (Romaneio de Carga) – lista detalhada do conteúdo da carga, incluindo quantidade, peso, dimensões e tipo de embalagem. Facilita a conferência física da mercadoria pelos fiscais e operadores logísticos;
Certificado de Origem – declara onde o produto foi fabricado. É usado para comprovar a origem da mercadoria e pode influenciar na aplicação de acordos comerciais ou tarifas alfandegárias reduzidas;
Conhecimento de Embarque (Bill of Lading ou Airway Bill) – documento emitido pela transportadora (marítima, aérea ou terrestre) que comprova o embarque da mercadoria. Também funciona como contrato de transporte e título de posse da carga;
Já para cargas sensíveis ou regulamentadas, como alimentos, há exigências adicionais, como:
Certificado Sanitário – emitido por órgão competente (como o MAPA ou equivalente no país de origem), atesta que o produto está em conformidade com normas de higiene e segurança alimentar. Exigido para evitar a entrada de produtos contaminados ou fora dos padrões do país importador;
Licença de Importação ou Exportação – em alguns casos, é necessário obter uma autorização prévia para comercializar determinados produtos, como medicamentos, bebidas alcoólicas ou químicos controlados;
Tenha em mente que a ausência, erro ou atraso na emissão desses documentos pode causar retenção da carga, multas, custos adicionais com armazenagem, ou até mesmo a proibição de entrada no país de destino.
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Modais de transporte internacional e armazenagem
A escolha do modal é um dos fatores mais estratégicos. Os principais modais de transporte internacional são:
► Aéreo – mais rápido, mas com custo elevado. Ideal para cargas urgentes, como remédios ou eletrônicos de alto valor;
► Marítimo – mais econômico e usado em grande escala, como para exportação de grãos e minérios;
► Rodoviário – comum no Mercosul, facilita a integração entre Brasil, Argentina, Paraguai e Uruguai;
► Ferroviário – menos utilizado no Brasil, mas relevante em países com infraestrutura robusta.
A escolha do modal impacta diretamente a armazenagem na logística. Mercadorias que chegam por via marítima, por exemplo, costumam passar por longos períodos em contêineres e precisam de armazéns alfandegados para liberação.
Já no modal aéreo, o tempo em depósito tende a ser menor, mas as exigências de embalagem são mais rigorosas devido à movimentação intensa.
Para quem busca entender como funciona a armazenagem na logística internacional, vale lembrar que ela envolve desde a estocagem em zonas primárias até a movimentação em zonas secundárias, sempre com cuidados específicos.
Produtos perecíveis precisam de câmaras frias, enquanto cargas frágeis exigem embalagens reforçadas.
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Custos, dificuldades e riscos envolvidos
A logística internacional, embora essencial, também traz desafios. Entre os principais custos estão:
► Frete – que varia conforme o modal e a distância;
► Taxas portuárias e aeroportuárias – cobradas pelos terminais;
► Despacho aduaneiro – serviços de desembaraço e tributos incidentes;
► Custos logística internacional adicionais – armazenagem, seguros e possíveis demurrages (multas por atraso na devolução de contêineres).
Além dos custos, existem dificuldades comuns, como a burocracia documental, variações cambiais, greves em portos ou aeroportos e até barreiras sanitárias inesperadas.
É nesse ponto que o gerenciamento de riscos no comércio exterior se torna vital. Um exemplo real é a paralisação de portos durante a pandemia da COVID-19, que afetou cadeias inteiras de suprimentos e gerou prejuízos bilionários.
Armazenagem e cuidados com embalagens
Outro ponto crítico na logística internacional é a armazenagem adequada das mercadorias ao longo do transporte. Produtos que não são devidamente armazenados podem sofrer danos, contaminação ou perda de validade — especialmente no caso de alimentos, medicamentos, eletrônicos e cargas perecíveis.
Além disso, a escolha da embalagem correta é fundamental para garantir a integridade física do produto durante o transporte internacional, que pode envolver longos trajetos, variações climáticas e múltiplas movimentações. Embalagens mal projetadas aumentam o risco de avarias, extravios e até rejeição na alfândega do país de destino.
Empresas que investem em embalagens resistentes, com identificação clara e proteção adequada (como isolamento térmico ou proteção contra umidade) reduzem significativamente os riscos e os custos com perdas ou devoluções.
Confira também: RCTR-C é obrigatório? Veja o que diz a legislação vigente!
Papel do agente de carga internacional
O agente de carga internacional é um dos personagens centrais nesse processo. Ele atua como intermediário entre a empresa exportadora/importadora e os prestadores de serviços de transporte.
Entre suas funções estão:
► Consolidar cargas de diferentes clientes para reduzir custos.
► Reservar espaço em navios ou aviões;
► Cuidar da documentação exigida;
► Auxiliar no desembaraço aduaneiro;
► Monitorar todo o processo de ponta a ponta.
Por exemplo, uma empresa brasileira que deseja exportar café para a Alemanha pode recorrer a um agente de carga internacional para negociar o frete marítimo, consolidar a carga em contêineres compartilhados e agilizar a liberação no porto de destino.
Essa figura é tão importante que, em muitos casos, sua atuação pode significar a diferença entre um processo eficiente e uma operação cheia de atrasos e custos extras.
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Seguro de transporte internacional e gerenciamento de riscos
Outro ponto crítico na logística internacional é o seguro de transporte, que protege a mercadoria contra avarias, roubos, perdas ou danos durante o trajeto — seja por mar, ar ou terra.
Embora nem sempre seja obrigatório por lei, sua contratação é altamente recomendada, especialmente em operações de maior valor ou complexidade.
Em alguns casos, o seguro é obrigatório:
No transporte rodoviário nacional de cargas, por exemplo, é exigido o seguro de Responsabilidade Civil do Transportador Rodoviário de Carga (RCTR-C), conforme regulamentação da ANTT;
Já no transporte internacional, certas operações exigem cobertura conforme acordos bilaterais ou exigências do país importador. Além disso, contratos internacionais frequentemente incluem cláusulas de seguro obrigatórias, como as Incoterms, que definem quem é responsável pelo seguro durante a viagem.
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Entender a fundo logística internacional o que é e como ela se aplica na prática é essencial para qualquer empresa que queira expandir sua atuação no mercado global.
Como vimos, esse processo vai muito além do transporte: envolve legislação complexa, escolha de modais, cuidados na armazenagem, custos que variam conforme a operação e, principalmente, a necessidade de contar com parceiros especializados como o agente de carga internacional e seguradoras confiáveis.
Na prática, empresas que investem em planejamento, monitoramento e seguros conseguem reduzir riscos, controlar custos e garantir maior previsibilidade nas entregas.
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