No Brasil, os homens vivem, em média, sete anos a menos que as mulheres e morrem mais por quase todas as causas de óbito até os 80 anos. Essa diferença não é apenas biológica: está diretamente ligada a hábitos de vida, menor procura por serviços de saúde e a uma cultura que associa autocuidado à fragilidade.
Segundo o Ministério da Saúde, os homens têm maior risco de morrer por doenças crônicas não transmissíveis, como hipertensão, diabetes, câncer e doenças cardiovasculares — chegando a apresentar 50% mais chances de morte por esses agravos quando comparados às mulheres.
Grande parte desse cenário é influenciado pelo estigma social que envolve a saúde masculina. A ideia de que o homem deve ser “forte”, resiliente e autossuficiente faz com que muitos ignorem sintomas, adiem consultas e deixem de buscar ajuda precoce. Esses comportamentos afetam não só a saúde física, mas também a saúde mental.
Entre 2010 e 2019, o Brasil registrou aumento de 43% nas mortes por suicídio, e os homens apresentaram risco quase 4 vezes maior do que as mulheres. Esses dados deixam claro que o impacto da negligência com o autocuidado é profundo e atinge o bem-estar de forma integral.
Para enfrentar essa realidade, foi criada a Política Nacional de Atenção Integral à Saúde do Homem (PNAISH), que busca aproximar os homens dos serviços de saúde por meio de ações educativas, campanhas de prevenção e estratégias que levam informação e cuidado para locais de convivência masculina, como ambientes de trabalho, praças e eventos esportivos. A proposta também inclui promover um novo olhar sobre masculinidade, reforçando que cuidar da saúde é um ato de responsabilidade — não de fraqueza.
O autocuidado masculino envolve atitudes simples, como realizar consultas regulares, aferir pressão arterial, medir colesterol e glicemia, manter alimentação equilibrada, praticar atividades físicas e evitar o consumo excessivo de álcool e o tabagismo. Também é essencial dar atenção à saúde mental, reconhecendo sinais de depressão, ansiedade e estresse e buscando apoio quando necessário.
A campanha Novembro Azul, antes focada apenas no câncer de próstata, hoje amplia o debate para a saúde integral do homem. A mensagem é clara: “Cuidar da saúde é um ato de coragem.” Procure ajuda, informe-se, e incentive outros homens a fazer o mesmo. Quem se cuida vive mais e melhor.